Keio Plaza

Entro no lobby do hotel, num estado de zombismo total, e deparo-me com uma recepção de tamanho monumental (com 1450 quartos, imagino a hora de ponta no check-out matinal !) . De seguida dirigo-me a um recepcionista para perguntar se o meu quarto estava pronto. Tendo o meu irmão combinado comigo que faria o check-in, uma vez que o quarto estava em nome dele, e e estando ele lá há uma semana em viagem de trabalho nos arredores de Tokyo, eu tinha a ligeira impressão, como sempre temos quando chegamos a um país desconhecido a milhares de kms da nossa casa, que o mais provável era ele ter-se atrasado na viagem de Hachioji para Tokyo naquela manhã e que eu ficaria agarrado mais uma vez e ter de secar até ele aparecer.
"Hi, i´m Mr. Moreira and i believe my brother has already made the check-in this morning..." ao que o diligente japonês me disse: "Mr. Moleila, yes, you have a message". Espantado com a rapidez com que o japonês reconheceu o meu nome (não sei porquê mas das diversas vezes em que ouvi o meu nome nos altifalantes de um aeroporto noutro país, a chamarem-me pelas mais diversas razões, nunca conseguem acertar uma única vez na pronunciação correcta) fiquei deveramente supreendido com a missiva que continha a seguinte mensagem: "Puta, fui dar uma volta porque o quarto ainda não estava pronto. Já fiz o check-in. Sou mais que teu pai."Começo a rir sozinho em frente ao empregado do hotel.
Fico a aguardar num sofá da recepção com a minha mala à espera que o quarto ficasse pronto (a esta altura já pensava em me deitar no sofá...............mas poderia parecer mal ao pé daqueles japoneses, todos engravatados, ainda por cima num hotel de 4 estrelas com bom aspecto) até que chega uma japonesa que não media mais de um metro e meio e não devia ter mais de 18 anos para me perguntar se eu era o "Mr.Moleila" e que o meu quarto estava pronto. Pronto estava eu para dormir desde o momento em que o avião tinha entrado na Sibéria 8 horas atrás !!Não estava era pronto para que o bagageiro fosse uma miúda. Acho que eu fiquei mais envergonhado com a situação de ela ter de me carregar a mala do que ela pelo facto de ter de a carregar a um gaijin (tendo sido os portugueses os primeiros Europeus a chegar ao Japão, a palavra correcta para nós é "nanbanjin" ou "bárbaros do sul").
"Mr. Moleila, i will take your bag and show you your room now". Ao que eu disse: "OK" mas quando ela tenta pegar na minha mala, eu no meu sentido cavalheiresco pouco marxista, digo-lhe que não havia problema que eu podia levar a mala uma vez que esta tinha rodas e era pequena (não queria ter a imagem na minha cabeça de uma miúda ter de carregar a minha mala tipo explorador de trabalho infantil !). Nem mesmo no elevador deixei para trás esse sentimento, deixando-a passar primeiro mesmo após várias insistências dela para que fosse à frente como cliente que era.
Um dos momentos mais delicados para todos os viajantes é saber quanto dar de gorjeta ao bagageiro. Não era necessário neste caso porque culturalmente os japoneses não esperam receber uma gorjeta pelo seu trabalho (pelo menos era o que dizia no guia que eu consultei antes de ir !) e eu assim fiz despedindo-me com um cordial "Arigato" à minha anfitriã ao que ela correspondeu com uma vénia. E eu a única vénia que fiz foi à cama como sinal de agradecimento por poder finalmente....................dormir um pouco.
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